Já pensou bem na forma como lida com pessoas difíceis, irracionais ou abusivas, especialmente aquelas em posições de autoridade que têm algum grau de controle sobre sua vida?
Não existe nenhum ser humano totalmente racional. A nossa capacidade de armazenar e processar informações é muito imperfeita para esse fim. Mas as nossas emoções são um atalho. Existem estudos, feitos com pessoas diagnosticadas com alexitemia, a condição em que as pessoas não sentem emoções ou estão completamente fora de contato com suas emoções.
Ao ler isto podemos pensar que essas pessoas seriam hiper-racionais, mas não são. Elas nem podem funcionar na sociedade. Elas não têm contexto emocional para decidir o que é importante para elas, para elas ganhar um centavo é tão importante como ganhar um milhão de dólares. Elas passarão horas em tarefas que os outros considerariam trivialidades, como decidir a que horas marcar uma consulta com o dentista. As nossas emoções são um atalho lógico – nós “sentimos” a diferença entre o relevante e o irrelevante.
Técnicas para lidar com pessoas difíceis
Naturalmente ninguém é preparado durante a sua educação e formação para se proteger de pessoas assim. Mas a dura realidade é que essas pessoas existem em todo lado! Você durante a vida vai ter que lidar com pessoas irracionais/abusivas em negócios, senhorios, etc. Mas você pode tornar essa relação mais fácil fazendo com que raramente cheguem até si. Basta lidar com elas gradualmente em dois níveis:
1º Nivel:
Há uma história sobre o Buda, onde um homem verbalmente abusivo veio vê-lo e começou-o a insultar. Mas o Buda apenas ficou sentado lá calmamente. Finalmente, o homem perguntou ao Buda por que ele não respondeu aos insultos e ao abuso. O Buda respondeu: ‘Se alguém lhe oferece um presente e você se recusa a aceitá-lo, a quem pertence o presente?’ Se alguém é irracional, abusivo, etc., você pode recusar mentalmente aceitar ‘o presente’. Conseguir ser imune à raiva e insanidade, e não deixar isso afetá-lo requer prática. Existem muitas técnicas de imagens mentais que podem ajudar. Pode começar por visualizar a raiva como uma energia vermelha que é refletida por si e retorna à fonte. Esta é uma mensagem para a sua mente subconsciente para reconhecer que a raiva pertence completamente à outra pessoa. Então, essa visualização traduz o efeito da outra pessoa no seu estado emocional. E funciona muito bem. Nunca perca a calma a menos que esteja fazendo isso de propósito por algum motivo específico. Às vezes, é melhor responder a uma pessoa irritada com alguns gritos e depois, lentamente, trazê-los de volta. Podemos chegar à conclusão mentalmente que é provavelmente uma falta de amor e felicidade na vida da pessoa que nos confronta que faz com que se comporte dessa forma.
2º Nível:
Agora que você já lidou com as suas emoções, você ainda tem que lidar com os aspetos práticos dessa pessoa o que interfere na sua vida. Às vezes é suficiente apenas gerenciar as suas emoções, mas outras vezes isso não é suficiente – você precisa agir para resolver a situação. Neste caso, utilize a sua lógica e inteligência para decidir o que fazer, dependendo das especificidades da situação. É como jogar xadrez – deve colocar em hipótese vários resultados mediante as suas ações. Pense assim: se eu fizer isso, como essa pessoa reagirá? Mesmo com pessoas irracionais e prejudiciais, seu comportamento é geralmente previsível em algum grau. Para melhorar essa previsibilidade deve preocupar-se em saber um pouco sobre a pessoa. O comportamento humano por norma tem sempre um propósito, mas pode ser difícil descobrir as intenções da outra pessoa. Use o que você sabe para antecipar suas respostas às várias ações possíveis que você pode tomar. Sua informação pode ser imperfeita, mas faça o melhor que puder. Pense nisso como um exercício de gerenciamento de riscos.
Aqui estão algumas ações possíveis:
Remova a pessoa da sua vida. Isso é um pouco extremo, mas às vezes é a melhor opção. Se o seu senhorio é realmente ruim, considere mudar de casa. Se o seu chefe ou colegas de trabalho forem terríveis, saia. Se tem um amigo que tem um comportamento que diretamente ou indiretamente o prejudica, confronte-o com isso se ele não aceitar e respeitar o seu pedido para melhorar a relação entre ambos, se calhar ele já não é seu amigo ou nunca foi, só lhe resta uma saída…
Reconsidere o grau de exigência acerca do que você está disposto a aceitar na sua vida e aplique-o. Essa estratégia é muito útil e importante, mas algumas pessoas não se sentem confortáveis com ela. A vantagem dessa abordagem é que você deixa de jogar e descobre exatamente o tipo de relação que tem com a outra pessoa. Isso é o que eu usaria se tivesse um chefe ou colega de trabalho difícil – colocaria tudo na mesa com essa pessoa, explicaria por que certas coisas não eram mais toleráveis para mim e detalharia o que eu queria que acontecesse. Agora a outra pessoa pode recusar suas “demandas”, mas pelo menos você sabe onde você está e pode decidir com base nisso. Pinte uma linha imaginaria feita de exigências suas, e se a outra pessoa calcar ou transpuser essa linha, você aí fica a saber que o abuso é intencional.
Use condicionamento comportamental.
Eu conheço um grupo de colegas de trabalho que fez isso com o chefe que era muito agressivo verbalmente. Eles condicionaram o seu chefe a ser encorajador e menos agressivo. Confrontá-lo simplesmente não funcionou, então eles juntaram-se e elaboraram uma estratégia de condicionamento comportamental. Eles começaram a demonstrar o seu descontentamento quando era agressivo e começaram a recompensar seu comportamento positivo. Sempre que ele era agressivo diziam: ‘Você está pretender manipular-me através da agressividade verbal?’, eles passaram a faze-lo constantemente. Mas sempre que ele era um pouco encorajador, quando ele dizia “bom trabalho” ou “obrigado”, eles agradeciam pela sua gentileza e encorajamento, e transpareciam felicidade retribuindo com boas palavras e acções. Passado algumas semanas, o chefe havia modificado por completo o seu comportamento.